quinta-feira, 10 de junho de 2010
Plenário: denunciando a propaganda enganosa
Participei de debate acalorado na Câmara Municipal de São Paulo. Da tribuna, reforcei uma série de denúncias contra a propaganda enganosa do PSDB na administração do Estado de São Paulo. A minha fala provocou uma reação política dos tucanos e aliados na Casa. Foi bom, pois gosto do debate qualificado.
Abaixo, reproduzo o conteúdo do meu discurso feita na tarde de hoje (10):
Senhor Presidente, Senhores vereadores e Senhoras vereadoras, venho aqui para falar um pouco sobre duas questões importantes.
A primeira diz respeito a uma obra tão divulgada, falada e anunciada com estardalhaço - a Nova Marginal. O segundo assunto que abordarei será o "Custo-Serra", dos pedágios. Ouvimos nas últimas eleições, em todas elas, um grande mote político, cujo tema era o planejamento.
Quando disputaram a eleição conosco, aqui na Cidade, diziam que a solução para os grandes problemas de São Paulo seria o planejamento, porque não existia. Afirmavam que tinha de haver planejamento, sem planejamento não haveria como resolver os problemas.
Recentemente, foram veiculadas pela imprensa falada e escrita diversas propagandas, algumas já mencionadas por mim nesta tribuna como, por exemplo, a propaganda do "Córrego Limpo", proclamando que nos córregos de São Paulo têm até peixinho. Sabemos, por outro lado, que a Sabesp derrama esgoto sem tratamento na maioria dos córregos. Já convidei aqueles que se opõem ao meu discurso a visitar alguns córregos na Cidade.
Já discursei nesta tribuna, também, a respeito da propaganda enganosa do PSDB, paga com dinheiro público, sobre as salas de aula das escolas de São Paulo que têm dois professores. Não vi, confesso que ando pela Cidade, visito escolas, mas até hoje não vi uma sala com dois professores, nenhuma. Desafio a qualquer Vereador ou qualquer outra pessoa que me convide a visitar uma sala de aula com dois professores, para calar minha voz na tribuna - não faço desafio pelo mal da Cidade, mas pelo seu bem. Penso que é interessante. Não consigo encontrar nenhuma, aliás, infelizmente, o que presenciamos foram alunos voltando para casa mais cedo porque não havia professor para dar aula, em diversas salas na Cidade.
São muitas propagandas enganosas, não é este Vereador quem diz, inclusive, a manchete do jornal que lerei em seguida não é veículo do PT, aliás, os editoriais deste jornal, têm puxado muito a sardinha para a brasa do PSDB, mas respeito porque quem está dizendo é o jornal Folha de S. Paulo: “Alívio na marginal não se reflete no trânsito da Cidade”.
Todos vimos a quantidade de propaganda paga com dinheiro público afirmando que a marginal resolveria o problema de fluidez do trânsito. O que estou dizendo é mentira? Não foi anunciado que as marginais resolveriam o problema da fluidez do trânsito? Em negrito o jornal registra ainda: “No restante da Cidade, porém, a velocidade dos carros na hora do rush segue perto do que uma galinha pode atingir”.
Vejam o que dizem os especialistas na Folha de S.Paulo: “Especialistas avaliam que nos impactos da Nova Marginal e do Rodoanel tende a se limitar a alguns pontos”.
Continua: “No conjunto, as obras vão contribuir para estancar ou desacelerar a piora. Agora, com a economia aquecida, com a frota aumentada do jeito que aumenta, não tem jeito”, afirma Sr. Jaime Waisman, professor da Escola Politécnica da USP, a mesma em que estudou o Sr. Prefeito.
“O fenômeno é igual ao de sempre. Quando você oferece espaço aos automóveis, os automóveis ocupam”, diz Sr. Adriano Murgel Branco. Juntos, os dois empreendimentos viários do Estado, parceiros da Prefeitura, dá um custo de quase 7 bilhões, são 6,9 bilhões de reais.
Convido os Srs. Vereadores Tucanos a entrarem em meu carro pelas manhãs, passo todos os dias pela Marginal Tietê. É óbvio, nobres Vereadores, que o problema não é da Marginal Tietê e sim das diversas artérias que estão entupidas na cidade de São Paulo. É óbvio que quando existe um espaço maior, os carros ocupam aquele espaço vazio. Qualquer pessoa, sem nenhum aprofundamento técnico, poderia perceber isso.
Algum Sr. Vereador desta cidade, em horário de pico, já andou nas marginais ou na Nova Marginal? Vão ver o que está acontecendo. Não melhorou em nada o trânsito da cidade de São Paulo. Foram bilhões de reais gastos numa intervenção viária que não resolveu o problema estratégico da cidade.
O problema da cidade para o viário público não é imediatista. Ou temos uma concepção e na hora de fazermos a revisão do Plano Diretor, terá de estar presente essa visão estratégica da cidade ou descentralizamos o desenvolvimento econômico da cidade de São Paulo, gerando empregos no local onde o povo está, potencializando os núcleos econômicos, que se proliferaram à margem do planejamento estratégico, ou não teremos soluções estratégicas para o trânsito desta cidade. É claro que ampliar a rede metroviária e modernizar a linha de trens, alivia. Mas a solução estratégica para o problema de trânsito na cidade de São Paulo é gerar emprego onde o povo mora.
Enquanto a cidade de São Paulo for pensada em uma forma de pizza, aonde sete grandes avenidas conduzem ao Centro e em que o cidadão amanhece e não se sente cidadão da cidade de São Paulo, porque é marginalizado na periferia. Levanta-se de manhã e pergunta para o vizinho: amigo, você vai à cidade hoje? É porque na cabeça desse cidadão que mora na periferia, a cidade é o Centro. Quando precisa procurar emprego ou um hospital, se dirige ao Centro. A cidade não pode ser pensada dessa forma. Só a descentralização econômica, gerando emprego onde o povo está, resolverá o problema do trânsito nesta cidade. Imaginem se amanhã conseguirmos fazer com que o desenvolvimento seja descentralizado. A cada emprego gerado na periferia, na Freguesia do Ó, em São Miguel Paulista ou em Itaquera, uma pessoa a menos iria de carro ao centro, ao depender de ônibus.
O Plano Diretor Estratégico desta cidade foi dentro da concepção que estabelecemos, inclusive com várias operações urbanas, incentivando a geração de empregos onde estão os moradores. Essa é uma reflexão que temos de fazer, sob o ponto de vista estratégico. Propaganda enganosa é a Marginal, uma obra cara para ser mostrada na televisão, em época de eleições, sem nenhuma preocupação com a solução dos problemas da cidade, na área viária. Estou falando de uma peça de propaganda eleitoral, meramente. E as coisas não param aí.
Em São Paulo, há 227 pedágios. Só no Governo Serra, foram implantados 84. Isso corresponde um a mais a cada 40 dias, aproximadamente, instalados a cada 30 quilômetros. Isso tem uma incidência direta no custo de mercadorias. Enquanto o Governo Lula desonerava impostos da linha branca, de automóveis, para enfrentar a crise, o governo do PSDB encarecia preços de produtos. Depois de um ano, uma carreta que sai do Porto de Santos e vai até Ribeirão, todos os dias, terá pago pedágios no valor de uma carreta novinha. Um veículo como esse, que faça idêntica viagem, paga 115 reais por viagem. Esse preço vai ficar com transportadoras? Não, será repassado para os produtos, encarecendo-os na cidade.
Tem aparte o nobre Vereador Agnaldo Timóteo.
O Sr. Agnaldo Timóteo (PR) – Nobre Vereador, V.Exa. está afirmando que essas informações estão no texto publicado pela Folha de S. Paulo?
O SR. JOÃO ANTÔNIO (PT) – Não, nobre Vereador. Na matéria do jornal, está apenas enfocada a nova marginal. Estou falando agora de dados colhidos pela minha Assessoria.
O Sr. Agnaldo Timóteo (PR) – Nobre Vereador, a Folha de S. Paulo é muito amiga do PSDB. Assim, não faria essa denúncia.
O SR. JOÃO ANTÔNIO (PT) – Não faria, nobre Vereador, com certeza.
Nobres Vereadores, na cidade, o PSDB está marcado pela política dos três P. O primeiro representa pedágio, a cada 30 quilômetros, em média, no Estado. O segundo representa presídios. Na cidade de Lavínia, no interior de São Paulo, por exemplo, há mais população carcerária do que moradores. O que também se espalhou muito no país, como uma doença incurável, foram pedras de crack.
Essa é a marca dos tucanos na cidade de São Paulo, infelizmente. Mas o povo terá oportunidade, porque, dia 3 de outubro, teremos eleições gerais: Presidente, Governador, Senador e Deputados. Quem sabe, o povo paulista não dará um outro rumo para colocar o Estado de São Paulo em sintonia com o desenvolvimento do Brasil.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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