Durante dias seguidos, diversos setores da imprensa, analistas e articulistas gastaram muita energia com o tema "o vice do Serra". Virou novela, virou piada, desgastou ainda mais a candidatura do PSDB e deu margem para manipulações grosseiras. Teve até jornalista que não se conteve e passou a criticar o candidato abertamente, dando a entender que teria sido 'ignorado' por suas observações.
O problema do vice do Serra tomou uma proporção muito maior do que deveria, pelo menos na imprensa. Levando-se em conta a personalidade do tucano José Serra, era, de fato, uma questão menor: Serra é centralizador, egocêntrico e nunca deu importância a este tema - por isso sua constante irritação com as perguntas sobre a novela do vice que quase não terminava. Ele se considera autosuficiente e, portanto, o vice não teria qualquer utilidade. Se pudesse, certamente ele não teria vice.
Em meio a esse circo todo, a manipulação de uma informação básica, engolida por grande parte da imprensa, principalmente jornais impressos: a relatoria do projeto Ficha Limpa. Jornalistas, alguns até experientes, reproduziram informação que circulou no Twitter, ainda ontem, atribuindo ao novo vice de Serra - o deputado federal fluminense Índio da Costa - a condição de relator do Ficha Limpa.
Trata-se de uma tentativa de manipulação que tomou conta da rede, inclusive no Twitter do próprio candidato Serra - e ganhou espaço até em jornais. O vice do tucano virou relator do projeto sem ter sido - na verdade o relator foi o deputado do PT São Paulo José Eduardo Martins Cardozo.
Tudo isso não diminui a crise em si, mas é de bom grado que esse tipo de tentativa de manipulação passe ao largo de quem tem a obrigação de informar. Torcer é outra coisa, e isso é um direito de todos.
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