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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Uma reflexão necessária


O grande desafio da humanidade sempre foi buscar a melhor forma de combinar o progresso econômico com desenvolvimento integral da pessoa humana. Ao longo da história, as tentativas foram variadas: liberalismo econômico - igualdade do ponto de partida com a consequente seleção natural dos “melhores” -, as teorias igualitárias do socialismo utópico e científico e as teses sociais democráticas de humanização do capitalismo. Enfim, sobram teorias sobre o melhor modo de a humanidade prosseguir na busca da paz, da harmonia e da igualdade como resultante da justiça social.

Recomendo a leitura das considerações feitas pelo histórico pensador da esquerda brasileira Wladimir Pomar sobre as vertentes do desenvolvimento econômico mundial. São reflexões atualizadas que nos ajudam a compreender melhor as várias vertentes em curso na economia mundial.

Para provocar sua curiosidade, publico abaixo trechos do artigo. Boa leitura!

Vertentes do desenvolvimento

“Mesmo os setores mais à esquerda do espectro político brasileiro não se furtam de se pronunciar sobre a necessidade do desenvolvimento. Outros setores fazem questão de acrescentar ao desenvolvimento o termo politicamente correto de sustentável, na esperança de que tal desenvolvimento ocorra sem danos ao meio ambiente e sem traumas sociais”.

“Há, também, os que querem o desenvolvimento, mas abominam a construção de grandes hidrelétricas, a exploração do petróleo do pré-sal, a energia atômica e outras atividades que consideram economicamente superadas”.

“Menos mal que, atualmente, essas correntes de pensamento começam a falar do capitalismo como a razão principal dos danos ambientais e sociais. Até há pouco elas jogavam toda a culpa sobre a humanidade ou sobre indivíduos e instituições governamentais”.

“...explicitamente os Estados Unidos, Alemanha, Japão, França e Inglaterra. O desenvolvimento das forças produtivas e da acumulação de capital nesses países alcançou um grau que lhes impôs uma taxa média decrescente nos lucros e entrou em contradição com sua capacidade de realização interna. Portanto, o desenvolvimento nesses países bateu no teto”

“A segunda vertente é aquela representada pela China e Vietnã, que combinam o modo de produção camponês e o modo de produção socialista com o modo de produção capitalista, num tipo de economia que eles próprios denominam de socialista de mercado. Esses países se aproveitaram dos excedentes de capitais dos países desenvolvidos e da decisão de re-localização de plantas industriais das corporações empresariais”.

“Não há indícios de que esses países pretendam eliminar, a curto prazo, a combinação entre os modos de produção socialista e capitalista. Também continua indefinido qual desses modos predominará quando o desenvolvimento das forças produtivas atingir seu auge, mesmo porque tal desenvolvimento ainda está longe desse teto”.
“A terceira vertente é aquela representada pelo Brasil, Rússia, África do Sul, Coréia do Sul, Indonésia e diversos outros países da América Latina, África, Ásia e Europa. Neles predomina o modo de produção capitalista, mas suas forças produtivas ainda não alcançaram, em geral, o estágio dos países capitalistas avançados. Eles já concorrem, em certa medida, com produtos de consumo avançados. Porém, nem sempre fabricam equipamentos produtores daqueles bens de consumo. E, quase nunca fabricam as máquinas capazes de produzir aqueles equipamentos”.

“A novidade dessa vertente de desenvolvimento é a presença de governos de esquerda e socialistas em alguns desses países. Na prática, esses governos foram colocados na incômoda situação de ter que estimular o desenvolvimento capitalista para fazer frente às demandas geradas pelas políticas sociais de redistribuição da renda, geração de empregos e melhoria das condições de vida. Alguns acham que isso é uma verdadeira traição ao socialismo. Outros, que isso é uma situação concreta que deve ser enfrentada como tal”.


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