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terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Por que tanto medo?

A bancada do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo conseguiu as 32 assinaturas necessárias para a instalar a CPI da linha 4 do Metrô. A finalidade é apurar, com isenção, as responsabilidades pela tragédia que ocorreu na futura estação Pinheiros.

O passo seguinte é convencer o presidente da Assembléia - responsável pela pauta –a colocar a matéria na ordem do dia para ser votada (a aprovação definitiva de uma CPI, fora da ordem cronológica, depende de votação de maioria absoluta em plenário). Tem um detalhe: o presidente é do PFL, apóia o governador e, portanto, não tem nenhum interesse na matéria.

Os deputados estaduais governistas – apoiadores de José Serra - trabalham contra a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito. No governo Alckmin, foram mais de 70 CPIs arquivadas. Tudo continua como antes. Assim como no governo passado, eles tentam barrar de todas as formas qualquer tipo de investigação por parte da oposição.

Como diz a canção de Cássia Eller: “Mudaram as estações, nada mudou...”.

Somente uma forte pressão da opinião pública poderia amedrontá-los - sem pressão popular não haverá CPI séria no parlamento paulista, para esta ou para outras matérias.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Oligarquias brigam pelo 'novo' PD-PFL

A tentativa do PFL de 'renovação' esbarra de cara na sucessão da oligarquia pefelista do sul do país, comandada pelo cacique Jorge Bornahausen, que controla o partido. Com um novo nome - se chamará Partido Democrata (PD) a partir de março -, o pefelê de sempre tem uma disputa interna que tem tudo para azedar a festa da mudança de batismo da ex-UDN, ex-Arena e ex-PDS.

Nada menos que cinco filhotes dos caciques querem tomar conta do partido para "a nova era": o recém-eleito deputado federal Felipe Maia (filho do senador potiguar José Agripino Maia - RN), Paulo Bornhaunsen (filho do senador Bornhaunsen - SC), Efraim Filho (rebento do senador paraibano Efraim Morais), Rodrigo Maia (filho do prefeito carioca César Maia) e, como nem todo mundo nas oligarquias é, necessariamente, filho, ACM Neto - cuja identificação familiar dispensa comentários.

A turma acima faz de conta que outros setores também não estão no páreo: o prefeito Gilberto Kassab que, embora não seja filho ou neto de nenhum dos oligarcas acima, tem como padrinho o governador tucano José Serra.

Cabe a pergunta óbvia: o que um tucano tem a ver com uma briga familiar no PD-PFL? Nesse caso, sabe-se, Kassab não dá um passo seu consultar Serra, e muitos pefelistas e futuros "democratas" não dão um passo sem olhar os movimentos dos tucanos. Isso ocorre há mais de uma década em São Paulo. E no Brasil como um todo ainda não mudou. Quem vencerá?

A previsão é que fique tudo em família(s). Caso contrário, o ninho tucano abarca o ex-pefelê de uma vez por todas...

Conselho para poucos

Agraciado com a capa da revista Exame desta semana, o economista Armínio Fraga poderia ser apresentado apenas como um "gestor de fundos de investimento de sucesso" - coisa que realmente ele é -, mas quem sabe da passagem deste personagem pelo governo do tucano FHC sabe que sempre tem 'algo mais'. Tem uma ponta de informação a mais que ele carrega consigo pela passagem no governo.

O fundo dirigido por Fraga gerencia nada menos que R$ 6 bilhões. Ele foi presidente do Banco Central na gestão tucana. Ser apresentado da forma que foi na Exame é tudo o que um tucano gosta. E o mercado aplaude.

O próprio ex-presidente do BC na era tucana tenta mostrar uma espécie de 'simplicidade' que os mortais desconhecem em matéria de mercado financeiro. Uma frase dele destacada pela revista - que reproduzo abaixo - é uma amostra disso:

"Não há negócio milagroso nem dinheiro fácil. Planeje seus investimentos com visão de longo prazo e procure se informar bem a respeito do gestor e dos riscos de sua aplicação".

Pena que isso seja um conselho, ainda que gratuito, dirigido a pessoas como ele. E não à maioria dos brasileiros, que costumam investir em comida, roupa, transporte público e necessidades básicas afins.

PS - Depois eles reclamam que o povo não vota mais na maioria dos seus candidatos.

De mal a pior

Reportagem de capa do jornal Diário de S. Paulo desta segunda-feira (12) mostra a situação caótica da varrição de ruas na Capital. A manchete diz que o Lixo pelas ruas de SP aumenta, mas número de multas diminui. Cabe exatamente no que chamamos aqui no blog de "abandono" da cidade pela administração que assumiu em 2005. Ou seja, aquilo que a população nota e denuncia cada vez mais.

O Diário mostrou que a Prefeitura recebeu 4.051 reclamações sobre varrição entre novembro de 2006 e janeiro de 2007, mas as 31 subprefeituras só aplicaram 30 multas no período.

Resumindo: o serviço só piorou e a fiscalização 'sumiu' em meio ao discurso de "planejamento e boa gestão" em São Paulo com Serra/Kassab.

Opine sobre o assunto aqui no blog.

Leia-se, Zé ou Zés

No segundo ano de minha fuga

Li em um jornal, em língua estrangeira

Que eu havia perdido minha cidadania.

Não fiquei triste nem alegre

Ao ver meu nome entre muitos outros

Bons e maus.

A sina dos que fugiam não me pareceu pior

Do que a sina dos que ficavam.

BERTOLT BRECHT

Registro

O acidente que abriu a cratera na obra da futura estação Pinheiros do metrô completa um mês hoje.

Alckmin até hoje não apareceu para dar satisfação sobre o assunto, além de se esquivar por meio da imprensa, tentando jogar a culpa em parceiros do projeto. Fez de conta que não era com ele.

Serra, que recebeu a casca de banana dos antecessores, só apareceu de verdade quando viu as proporções do problema criado pelo governo anterior.

Documentário celebra Semana de 22

Do Jornal Folha de São Paulo (Gabriela Longman)

Se o controle da TV busca insistentemente escapar de "Rebelde" ou do "Jornal Nacional", uma boa opção para a noite de hoje é o documentário que a TV Cultura exibe em homenagem aos 85 anos da Semana de Arte Moderna. Primeiro de uma série de especiais sobre o tema (exibidos de hoje a sexta-feira), o programa traz depoimentos de participantes, textos emblemáticos e imagens de São Paulo naqueles "outros tempos".

Com edição dinâmica -raridade em documentários no gênero-, o especial perpassa os principais acontecimentos que precederam a Semana, mas que já davam indicativos da transformação em curso: a chegada de Lasar Segall ao Brasil, a exposição de Anita Malfatti em 1917 e as reuniões no apartamento de Oswald de Andrade da rua Libero Badaró.

O programa permite entrever o impacto de "Paulicéia Desvairada" sendo recitada para uma platéia "romântica e passadista" do Teatro Municipal (seria diferente hoje?), mas deixa de dar devida importância a figuras emblemáticas do período, como Paulo Prado.

Nos dias subseqüentes, os especiais tratam especificamente da obra de Mário de Andrade, Victor Brecheret, Menotti Del Picchia e Oswald de Andrade. Com certa nostalgia, sim, vale a pena mudar de canal e lembrar destes "Rebeldes" de outrora.
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SEMANA DE ARTE MODERNA
Quando: hoje, às 20h
Onde: Cultura